"Fotografar é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração". Uma frase simples, ao mesmo tempo complexa, a fórmula perfeita para a fotografia perfeita. Quem a proferiu aplicou-a, e de forma exemplar... Henri Cartier-Bresson.

Eu...

Amador e apaixonado pela arte de “congelar momentos”, herdei do meu pai o gosto pela fotografia. No virar do século, com a minha primeira “bridge” digital, abracei este meu hobby e nunca mais parei... Percebi a complexidade da fórmula de Bresson, e a dificuldade em conjugar os ingredientes nela contidos... Sou apenas um amador, e nessa condição respeito e admiro aqueles que se destacam nesta nobre arte, e sem pretensões, vou fazendo os meus registos até onde a minha linha de mira, cabeça e coração, o permitirem.

A todos os que visitam este meu espaço, deixo os meus cordiais agradecimentos.
________________________________________Miguel Rezende
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terça-feira, 12 de maio de 2009

| a invasão |

29 de Março de 1809... As tropas napoleónicas (cerca de 18 mil homens), comandadas pelo Marechal Soult, entram na cidade do Porto com a missão de a conquistar. A população aflita, foge em direcção à Ribeira. Utilizam a ponte das barcas para atravessar para Vila Nova de Gaia. A acção viria a conhecer uma enorme tragédia, de tal forma que ficou para sempre associada à história da Invicta. A ponte não aguentou o peso de centenas de pessoas que a atravessavam e colapsou (uma das mais plausíveis versões do acidente). 4 mil a 5 mil almas perderam a vida neste fatídico dia. No dia 12 de Maio de 1809, Arthur Wellseley, nomeado comandante chefe do exército anglo-lusitano, libertava por fim a cidade dos invasores...
200 Anos mais tarde (9 de Maio 2009), a cidade vive a Reconstituição histórica de um dos dias mais dramáticos que já viveu. Apanhado de surpresa, vi-me envolvido pelo cenário, felizmente tinha a máquina fotográfica comigo!

Dados técnicos:
Canon EOS 350d | Sigma 17-70mm DC 2.8/4.5
Manual | 1/320 | f/10 | ISO 100 | 53mm

terça-feira, 5 de maio de 2009

| hino ao porto |

Há dias em que nos apetece quebrar a rotina, fugir ao stress do dia-a-dia, abandonar tudo e fazer aquilo que mais gostamos de fazer. Foi o que decidi naquele fim de tarde de Abril.
Sai do emprego, entrei no carro, só parei 40 minutos depois no Jardim do Morro em Vila Nova de Gaia. A chuva puxada a vento caia com intensidade no pára-brisas, preparei a máquina fotográfica e ali fiquei à espera da oportunidade. Uma hora mais tarde parava de chover, sai do carro aproximei-me do muro junto à ponte D. Luís, e pude deslumbrar a fantástica atmosfera que envolvia a paisagem, a cidade que me viu nascer estava mais fotogénica que nunca, não queria perder a oportunidade de registar o momento, voltei ao carro, agarrei no equipamento. Montei a máquina no tripé com disparador remoto, alterei alguns parâmetros na Canon (ISO 100 para obter imagens com o menor ruído possível, bloqueei o espelho para evitar vibrações durante a longa exposição), aguardei pelo momento que me pareceu transmitir mais dramatismo, estava em plena "hora mágica" (hora que antecede o completo ocaso), a iluminação pública acabava de ser ligada adquirindo o tom alaranjado característico. Fiz alguns testes de exposição, rodei a máquina fotográfica sobre o eixo do tripé, de forma a que a ponte entrasse no enquadramento. Assim que o metro atravessou, fiz a primeira exposição, seguindo-se mais duas rotações e consequentes exposições. Em casa fiz a fusão das três exposições no photoshop. O resultado surpreendeu-me.

Dados técnicos:
Canon EOS 350d | Canon EF-S 18-55mm
Manual | 4s | f/11 | ISO 100 | 21mm
3 fotografias RAW + Photoshop lightroom + Photoshop CS3


segunda-feira, 4 de maio de 2009

| almost twelve |

A manhã estava fria e chuvosa. O mês de Fevereiro ainda ia a meio, naquele Domingo entrava eu bem cedo, na Estação Ferroviária de S. Bento para dar “gosto ao dedo”. Sentei-me, passei a “pente fino” com o olhar toda a gare. Apesar do dia da semana, nada fazia prever que a estação estivesse tão calma, sem grande movimento, sem nada de interessante para registar. Ali permaneci paciente, na esperança de captar um momento digno de registo. Um par de horas mais tarde, era abordado por um casal de turistas ingleses, ambos reformados dos caminhos de ferro britânicos, que atraídos pela beleza de S. Bento, perguntavam-me pela existência de outras estações que pudessem fotografar. Enquanto conversava com o simpático casal, e já o fazia à longos minutos, entrava na gare um individuo que me chamou a atenção. Sapatos vermelhos, guarda-chuva na mão, imobilizou-se na entrada da gare com ar pensativo, e ali permaneceu por alguns minutos imóvel. Despedi-me do casal inglês, voltei a sentar-me. Pouco faltava para o meio-dia, a minha atenção voltou-se integralmente para o individuo de sapatos vermelhos. Olhou para o relógio e começou a caminhar em direcção ao túnel da gare. Levantei-me e fiz alguns testes de exposição. As nuvens entreabertas deixavam escapar os raios de sol, que juntamente com a chuva miudinha, davam a S. Bento a atmosfera perfeita para fotografar. Um pombo aterrava no chão e começava a caminha na minha direcção, o individuo chegou à boca do túnel e inverteu a marcha, parecendo perseguir o pombo. Fiz 3 disparos. Abandonei S. Bento, com a sensação de que tinha valido a pena a persistência em permanecer na estação aquele tempo todo...

Publicada na revista:
FOTOPLUS Maio 2008

Dados técnicos:
Canon EOS 350d | Canon EF 75-300mm III USM
Manual | 1/50 | f/5.6 | ISO 400 | 100mm

quarta-feira, 29 de abril de 2009

| auto-retrato |

Pouco passava das 23:00h, no tabuleiro superior da ponte D. Luis I, numa típica noite de verão, ali estava eu com a minha Canon disposto a pôr em prática a ideia pré-concebida. A missão de criar o meu auto-retrato estava em marcha. Abri o tripé (a cerca de 1m de altura), montei a máquina fotográfica com disparador remoto, posicionei o equipamento de forma a que o trilho descrevesse uma diagonal, (o que me permitiu imprimir mais profundidade à fotografia). Com o metro a passar calculei o tempo necessário para o fazer, (10 segundos). Realizei alguns testes de exposição, e no modo "Tv (time value)" ou prioridade à velocidade, deixei o trabalho da abertura entregue ao fotómetro da máquina, que a calculou automaticamente. O momento estava a chegar, o metro aproximava-se, tinha o disparador na mão, na altura em que o veículo passa à frente da lente disparei, em 6 segundos ele desapareceu, foi aí que eu entrei em cena, e de passo ligeiro coloquei-me sobre o trilho permanecendo estático (cerca de 4 segundos) o restante tempo da exposição.

Publicada na revista:
SUPER FOTO PRÁTICA Outubro 2007 (rúbrica COMO SE FEZ)


Dados técnicos:
Canon EOS 350d | Canon EF-S 18-55mm
f/7.1 | 10s | tv | ISO 100 | 18mm